A história da Taito no Brasil – início do Fliperama

 A história da Taito no Brasil – início do Fliperama

Quando falamos da história de fliperamas e Arcades no Brasil uma das primeiras marcas que vem a cabeça daqueles que viveram a época de ouro dos videogames, ou daqueles que gostam de ler sobre o assunto, é a Taito. Essa marca dominou esse mercado no Brasil durante as décadas de 70 e 80.

logotaito

Sua origem é no Japão, sendo fundada por Michael Kogan, um russo que vivia exilado na China depois que em seu país houve uma revolução comunista em 1917. Depois disso, um pouco antes da Segunda Guerra Mundial ele decidiu ir para o Japão construir uma vida melhor, dessa forma em 1953 ele fundou a Taito Trading Company.

Mas foi somente nos anos de 1960 que a empresa começou a produzir as primeira máquinas de Pinball e em 1973 lançou sua primeira máquina Arcade, e foi ai que ela mudou de nome para Taito Corporation.

Com o novo nome e investimento no ramo de games, em 1978, a marca mudou a história dos videogames lançando um dos mais famosos jogos de todos os tempo, o Space Invaders. O game fez tanto sucesso que foi distribuído pela Midway no EUA, e assim abriu espaço para a Taito America Corporation, que distribuiu todos os jogos da empresa depois de Space Invaders.

A Taito chega ao Brasil

A Taito chegou ao Brasil muito antes de chegar oficialmente aos EUA, os primeiro funcionários da empresa começaram o trabalho por aqui em 1968, ainda sob o nome de Trevo Diversões Eletrônicas, depois o nome foi mudado para Trevo Diversões – Representante da Taito no Brasil.

taito

Oficialmente o nome Taito do Brasil Indústria e Comércio Ltda só foi estabelecido em 1972, depois de uma manobra para cumprir a legislação da época, Fundou-se uma empresa nacional e aí depois de alguns anos a Taito se associou a ela. Tudo isso foi acompanhado por Abraham Kogan, filho do fundador da empresa japonesa.

Como percebemos tudo isso acontece antes mesmo do lançamento da primeira máquina pela empresa japonesa. A função inicial da empresa no Brasil era importar máquinas de Pinball dos EUA e de componentes para monta-las no Brasil, além de distribui-las e opera-las no mercado nacional.

A empresa, além de locar máquinas, abriu três filiais de salões de fliperama, o primeiro na esquina da Avenida Ipiranga com a São João, o segundo no Largo do Arouche e a terceira na Praça da República.

A reserva de mercado

Esse tipo de operação da Taito no Brasil durou algum tempo, mas a taxação cada vez mais alta de bens de consumo supérfluos importados e o entendimento de que pinball era um jogo de azar foi complicando tudo isso.

Mas o final disso mesmo foi em 1976, quando o governo publicou a Resolução nº 1 da Comissão de Coordenação das Atividade de Processamento Eletrônico, que criou uma Reserva de Mercado para computadores no Brasil, que ficou cada vez maior até 1984 e durou até 1992.

Dessa forma, mesmo com o interesse crescente nos videogames, as empresa não puderam continuar importando máquinas, e foi assim que a Taito do Brasil resolveu abrir uma fábrica em São Paulo, além de comprar empresas menores desse ramo e começar a criar imitações nacionais de aparelhos estrangeiros.

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A era dos clones

Esses clones das máquinas de pinball feitos pela Taito usavam artes adaptadas ou criadas a partir do tema original, mas copiando a disposição dos obstáculos e alvos das máquinas originais. Entre as máquinas clones mais famosas no Brasil feitas pela Taito estão o Cavaleiro Negro, Oba Oba, Zarza, Rally, Vortex, entre outras.

obaoba

O Cavaleiro Negro foi inspirado na máquina Black Night, da Williams, já a máquina Oba Oba é tem origem na máquina Playboy, da Bally. Nessa época muitas empresas, como a LTD, que tinha sede em Campinas, usavam a Reserva de Mercado como desculpa para copiar essas máquinas sem nenhum tipo de punição.

Arcades: Um negócio paralelo

Os pinballs talvez fossem o negócio mais rentável e famoso nessa época, mas em paralelo a produção deles, a Taito também trabalhava com a produção e distribuição das máquinas de Arcades, aquelas que tinham jogos que também utilizavam vídeos.

Isso se tornou um negócio muito rentável por também estar dentro da Reserva de Mercado da Informática. Mas a reserva de mercado, além de gerar um mercado de Arcades rentável para Taito no Brasil, também gerou um problema. As máquinas desse tipo tinham suas próprias placas, que são os componentes internos onde o software do jogo roda.

Mas a empresa não podia importar essas placas de forma livre e variada, nem tinha tecnologia suficiente para criar as suas próprias. Foi assim que ela criou outro jeito, ela criou as máquinas chamadas de bootlegs.

Essas máquinas bootlegs era adaptações dos jogos originais de Arcades para que eles pudessem rodar em placas diferentes, e assim aproveitar qualquer tipo de hardware existente a mão, isso, em geral, acontecia sem apoio, aprovação e até mesmo ciência dos criadores originais do jogo e do hardware.

Dessa forma a empresa pode padronizar a placa, e assim os técnicos focavam em apenas adaptar os softwares a elas e reimplementar jogos de sucesso do exterior nas máquinas nacionais. Foi dessa forma que clássicos como Super Cobra, da Konami e Donkey Kong, da Nintendo, chegaram aos fliperamas nacionais com outros nomes.

Fim de jogo

A Taito e seus negócio no Brasil iam de vento em popa, ela produzia, vendia, locava e cobrava percentual de outros operados, até mesmo as fichas eram vendidas pela própria empresa. Para atender a toda a demanda uma filial em Porto Alegre foi montada para fabricar e operar as máquinas de toda a região Sul do país.

As coisas mudaram de repente entre os anos de 1984 e 1983. A primeira mudança foi a morte do fundador da Taito japonesa, Michael Koga, em uma viagem de negócios aos EUA. Por um período de quase 2 anos a empresa foi administradas pelos próprios funcionários, até que em 1986 foi comprada pela Kyocera, e depois em 2015 pela Square Enix que é sua atual proprietária.

Isso tudo coincidiu com o fim da era de outro dos Arcades em todo o mundo, até mesmo no Brasil o Ataria 2600 já estava oficialmente sendo vendido desde 1983. Os videogames domésticos começavam a dominar o mercado, e outras empresas começaram a chegar ao Brasil com o intuito de produzir e distribuir esses jogos, o que foi um golpe duro na gestão implantada pela Taito no Brasil.

Esse fim do interesse nas máquinas de Arcades e Pinballs foi de repente, e de um dia para o outro as máquinas já não valiam mais nada. As pessoas começaram a jogar elas fora e até mesmo a fazer fogueiras com elas. A Taito do Brasil resolveu encerrar as atividades em 1985.

Ela foi extinta logo após pagar todas suas dívidas, sem nem mesmo abrir processo de falência. O filho do fundador da empresa japonesa, Abraham Kogan se mudou para Mônaco, onde ficou vivendo sua vida de milionário.

Ele ainda abriu duas empresas, a Taicorp Comércio e Empreendimento Ltda, que existiu até 2008, e o Playland, uma junção entre a antiga Taito e o Playcenter, e que opera áreas de diversões em diversos shoppings do Brasil até hoje.

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